domingo, 10 de março de 2013

Empresas alteram o açúcar, o sal e a gordura para viciar as pessoas


Livro diz que indústria muda ingredientes para causar dependência


Segundo o altor as empresas

 alteram o açúcar, o sal e a 

gordura presente nos 

alimentos


O escritor Michael Moss, jornalista do The New York Times, passou três anos conversando com executivos de grandes empresas do ramo de alimentos. As descobertas estão no livro Salt, Sugar, Fat: How the Food Giants Hooked Us (Sal, Açúcar e Gordura: Como as Gigantes de Alimentos nos prenderam), lançado no fim de fevereiro e ainda sem tradução para o português. Segundo o jornal Daily Mail, as substâncias no título são usadas deliberadamente para fazer com que as pessoas voltem a querer consumir os mesmos tipos de produtos.
Entre os dados descobertos está a expressão "êxtase", usada pelos fabricantes para descrever a quantidade desses itens nas receitas dos produtos prontos. Michael revela que as empresas alteram a forma física do sal, a química do açúcar e até mesmo conseguiram deixar os produtos crocantes ainda mais crocantes, reforçando o som que fazem ao serem mordidos. A publicação mostra que para guiar essas decisões são avaliadas ressonâncias cerebrais que mostram como os alimentos atuam na região, incluindo os efeitos do açúcar que atingem a mesma área estimulada pela cocaína.
No caso do açúcar, o êxtase pretendido se refere às quantidades que tornam bebidas e comidas mais atrativas, calculadas a partir de testes e pesquisas. Segundo o autor, a adição dos ingredientes muda de acordo com a região e também em diferentes faixas etárias. Moss disse que na China, por exemplo, moradores da região Sul gostam de produtos mais doces do que os que habitam o Norte.
Para testar as informações coletadas entre os fabricantes, o jornalista convenceu algumas empresas a produzir amostras com menos quantidades dos três ingredientes. Segundo ele, uma de suas bolachas preferidas da marca Kellogg ficou sem gosto, parecendo isopor, na versão com menos sal. Moss diz que as empresas abusam do item, pois é excelente para conferir sabor a alimentos processados.
O escritor também achou sem graça versões sem sal de sopas, carnes processadas e pães, incluindo amostra da famosa empresa Campbell. "Tire um pouco de sal, ou açúcar ou gordura das comidas processadas e minhas experiências mostram que não sobra nada. Pior, o que sobra são as inevitáveis consequências, gostos horríveis que são amargos, metálicos e adstringentes", escreveu.
Michael Moss conta que cientistas da Nestlé estão alterando a distribuição e a forma da gordura a fim de mudar a maneira como a boca percebe a comida. A lógica seria quanto melhor a experiência, maior o desejo de comer o produto de novo. No caso do açúcar, hoje fabricantes conseguiram ampliar a sensação de doce em até 200 vezes e a frutose foi cristalizada na forma de um aditivo, para incrementar o sabor mesmo em alimentos que naturalmente contêm baixos índices de açúcar.